Projetistas, calculistas, executores de fundações e demais participantes do mercado devem, no entanto, estar preparados para a entrada em cena de concorrentes internacionais.
Novas empresas devem desembarcar no país trazendo o pacote completo; dinheiro, tecnologia, projetistas e até executores de obras. “Precisamos investir em tecnologia e na integração das nossas diversas atividades para termos um projeto mais otimizado em relação a custos, ao cronograma e à qualidade”, afirma Sussumu. “Só assim estaremos em condições de competir em igualdades de condições com as empresas que certamente devem investir no Brasil a partir de programas de participações comentadas à frente”.
O diretor da Tecnum lembra de um antigo conceito de fundações – a “interação solo-estrutura”, que é muito comentada, mas pouco praticada no país. Em alguns países mais desenvolvidos, lembra o engenheiro, está mais avançado nesse aspecto. O advento de conceitos integradores como o BIM – Building Information Modeling, que agrega numa única plataforma digital todas as informações de projeto e execução de obra, inclusive controle de qualidade e de custos, com todo o detalhamento técnico que a modelagem virtual permite, é um dos grandes desafios para se ajustar às inovações que o novo mercado vai exigir.
Sussumu aponta também a necessidade de promover uma integração maior entre as normas brasileiras, como já acontece nos países mais desenvolvidos. Trata-se de algo fundamental, segundo ele, para que o país tenha o arsenal normativo e técnico para orientar esse novo processo de investimentos em infraestrutura e construção civil. Na ausência de normas locais bem integradas, os novos agentes do mercado, vindos do exterior, tendem a aplicar aqui as normas originárias de seus países, quando se encontram muito mais consolidadas, explica o engenheiro.
Sussumu aponta um ganho que já pode ser atribuído às mudanças políticas que se processaram recentemente no país. “A confiança do investidor está retornando pouco a pouco”. Não se trata, naturalmente, de um movimento abrupto, que irá mudar o cenário de um momento para o outro. “Mas já observamos alguma movimentação no mercado”, revela Sussumu. “As pessoas começam a comprar imóveis – o que é um sinal de que elas acreditam que estão fazendo um bom negócio no momento”.
Nas áreas de infraestrutura, o diretor da Tecnum destaca projetos nos três níveis da Federação – União, estados e municípios. No plano Federal, o governo anunciou o Programa de Parcerias para Investimentos (PPIs), que deve envolver 34 obras em 2017. Há movimentos semelhantes no Estado de São Paulo e na própria capital. “São projetos de longa maturação. Mas no momento em que de fato chegarem à iniciativa privada, eles irão ganhar um rápido ritmo de implantação”.
Entidades como a ABEG podem ajudar nesse processo de integração entre as diversas áreas, especialmente entre projetistas, calculistas e executores, acredita o engenheiro. “A interação solo-estrutura deve ser nosso conceito norteador. Precisamos agir agora e fazer o que o mundo desenvolvido já faz. As empresas e os profissionais certamente vão ganhar com isso. Os principais beneficiários serão, no entanto, o mercado de construção e o Brasil como um todo”, sustenta o engenheiro Sussumu Niyama.