Ao abordar essa experiência, que é prática comum na engenharia brasileira, Golombek chama a atenção para os efeitos negativos da contratação pelo menor preço, que traz prejuízos à qualidade e à segurança da obra, exigindo muitas vezes novos investimentos para a superação de patologias. “É o caminho do desastre”, conclui o engenheiro no artigo.
Círculo Vicioso
Uma incorporadora contratou, no auge do boom imobiliário, serviços profissionais de projetos de Fundações e Estruturas pelo critério de menor preço, ao invés de competência e histórico de sucesso dos projetistas. Grande parte das obras apresentou problemas de patologias em maior ou menor grau (trincas, recalques, desaprumos), cuja recuperação está custando milhões de reais, valores muitas vezes superiores à economia feita na contratação dos projetistas, além de inúmeras ações na Justiça em relação aos problemas.
Apesar disto, por uma Norma interna (compliance) da incorporadora, os responsáveis por contratações são proibidos de entrar em contato com os projetistas para discutir propostas. Simplesmente continuam fazendo concorrência de projetos (o que já é conceitualmente discutível), preenchendo planilhas comparativas e contratando pelo menor preço serviços profissionais de responsabilidade como os projetos de Fundações e de estruturas, como se estivessem comprando commodities.
É não aprender com os erros e continuar trilhando o caminho do desastre.
Milton Golombek
Diretor da Consultrix
Vice-Presidente da ABEG